TUBERCULOSE

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TUBERCULOSE

TUBERCULOSE

Até o surgimento da COVID-19, a tuberculose era a doença infecciosa que mais causava mortes globalmente todos os anos. Em 2020, 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência dessa infecção, e estima-se que 10 milhões de pessoas adoeceram com TB em todo o mundo neste mesmo ano, entre elas, 1,1 milhão de crianças. Diante da pandemia, as mortes por tuberculose no mundo aumentaram pela primeira vez em uma década. Ao todo, 30 países de baixa e média renda concentram mais de 80% dos casos globais.

A tuberculose (TB) é frequentemente vista como uma doença do passado. No entanto, é uma das mais infecciosas do mundo. Mesmo com a redução de 47% da taxa de mortalidade global entre os anos de 1990 e 2015, ainda há lacunas importantes na cobertura e deficiências graves quando se trata de diagnóstico e tratamento dessa doença. Estigmatizada e silenciosa, a TB continua presente de maneira mortal entre a população brasileira, apesar de já haver diagnóstico e tratamento para essa doença.

Além disso, a propagação de formas resistentes aos medicamentos utilizados para combater a doença – tuberculose resistente TB-DR, tuberculose multirresistente TB-MDR e tuberculose ultrarresistente TB-XDR – fazem dela um grande problema na atualidade; apenas uma em cada três pessoas com TB resistente a medicamentos teve acesso ao tratamento em 2020*.

Causa :

A doença é causada por uma bactéria (Mycobacterium Tuberculosis) que afeta com mais frequência os pulmões, mas pode infectar qualquer parte do corpo, incluindo os ossos e o sistema nervoso.

Transmissão :

A bactéria se espalha pelo ar quando pessoas infectadas tossem, falam, cospem ou espirram.

Sintomas :

A maioria das pessoas expostas à TB nunca desenvolvem os sintomas, já que a bactéria pode viver na forma inativa dentro do corpo. Entretanto, se o sistema imunológico enfraquecer, como acontece com pessoas com desnutrição, pessoas vivendo com HIV/Aids e com pessoas idosas, a bactéria da tuberculose pode se tornar ativa. Entre 5 e 10% das pessoas infectadas com a bactéria têm o risco de desenvolver a forma ativa e contagiosa da doença em algum ponto de suas vidas*.

Os sintomas da tuberculose ativa incluem:

  • Tosse persistente (por mais de duas semanas), que pode apresentar-se com sangue ou escarro;
  • Febre;
  • Sudoração noturna;
  • Perda de peso;
  • Dores no peito;
  • Fadiga

Diagnóstico :

Em países onde a doença é mais prevalente, o diagnóstico depende em sua maioria do mesmo teste arcaico utilizado nos últimos 120 anos: a microscopia do esfregaço, exame microscópico do catarro ou fluido do pulmão para identificar os bacilos da TB. O teste só é exato em metade dos casos e a efetividade é ainda menor se os pacientes testados viverem com o vírus HIV, forem crianças ou pacientes que não conseguem produzir escarro.

Um novo e promissor teste de diagnóstico, o Xpert MTB/RIF, foi introduzido em 2010 e tem sido utilizado em muitos programas de MSF desde então. Ele é capaz de detectar a infecção e informar se é um caso resistente aos medicamentos num período curto de tempo. O teste não é aplicável em todos os contextos, assim como não é efetivo para diagnóstico de crianças ou de pacientes nos quais o foco infeccioso da tuberculose ocorre fora dos pulmões (tuberculose extrapulmonar). Por isso, MSF continua pressionando por mais investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para diagnóstico e tratamento de TB.

Tratamento :

O tratamento para tuberculose sem complicações leva, no mínimo, seis meses e, na maior parte dos casos, o tratamento é feito com dois antibióticos de primeira linha: rifampicina e isoniazida. Quando os pacientes são resistentes a esses antibióticos, considera-se que eles tenham desenvolvido a TB-MDR (tuberculose multirresistente a medicamentos).

A TB-MDR não é impossível de tratar, mas o tratamento pode levar até dois anos e causar diversos efeitos colaterais graves. Além disso, o tratamento é muito caro e com uma taxa de cura baixa. Em 2012, foi lançado o primeiro medicamento contra tuberculose em mais de 50 anos, bedaquilina, que representava uma oportunidade de aumentar a taxa de cura da TB-MDR. Em 2014, um segundo medicamento, delamanida, também foi aprovado para uso. Porém, até hoje, menos de mil pessoas no mundo todo tiveram acesso aos novos medicamentos.

A tuberculose ultrarresistente (TB-XDR) é identificada quando a resistência aos medicamentos de segunda linha descritos anteriormente se desenvolve durante a TB-MDR; a chance de cura é de apenas 20%. Apesar desse fato, os projetos de MSF apontaram resultados promissores com base no uso de um antibiótico de alta resistência, chamado linezolida, como parte do regime de tratamento para TB-XDR. Este medicamento não está amplamente disponível em alguns países, pois é extremamente caro, foi patenteado e as unidades disponíveis não estão registradas como tratamento para tuberculose, o que dificulta o acesso por meio dos estabelecimentos públicos.

Recentemente, um estudo de MSF chamado TB-PRACTECAL demonstrou que é possível tratar com 89% de sucesso as formas mais resistentes de tuberculose com uma combinação de medicações orais durante apenas seis meses. Esta combinação de medicamentos tem taxas muito menores de efeitos colaterais, o que torna tudo muito mais suportável para os pacientes. Esse é um avanço histórico, uma vez que abre caminho para a simplificação do tratamento e a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Prevenção :

Um passo inicial na prevenção é evitar o contato por tempo prolongado com pacientes diagnosticados com TB em ambientes lotados, fechados e com pouca ventilação. Usualmente, pacientes com tuberculose ativa adotam medidas adicionais que podem incluir o uso de dispositivos de proteção respiratória pessoal para diminuir o risco de infectar outras pessoas.

Muitas pessoas que sofrem de infecção tuberculosa latente nunca desenvolvem a doença, mas algumas são mais propensas a progredir num quadro de tuberculose ativa; estas incluem:

– Pessoas com infecção pelo HIV;

– Pessoas que se infectaram com bactérias da TB nos últimos 2 anos;

– Bebês e crianças pequenas;

– Pessoas com outras doenças que enfraquecem o sistema imunológico;

– Pessoas idosas;

– Pessoas que não foram tratadas corretamente para TB no passado.

Pessoas desses grupos de alto risco, podem tomar remédios para evitar desenvolver a doença (profilaxia).

Atividades :

MSF atua no combate à tuberculose há mais de 30 anos, oferecendo tratamento para a doença em muitos contextos diferentes, desde situações de conflitos crônicos, como o Sudão, até pacientes vulneráveis em contextos estáveis, como Uzbequistão e a Rússia. Em 2021, 15.400 pessoas iniciaram o tratamento com medicamentos de primeira linha para a TB nos projetos de MSF.

Fonte :  OMS

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